

Por Claudiney Rocha Rezende e Marcílio Ferreira Filho
A palavra “produtividade” designa a qualidade de ser produtivo, ou seja, aquilo que é produzido: o resultado. Produtividade não significa trabalhar mais e sim ter mais resultados com esforços cada vez mais eficientes. No Estado, no entanto, isso encontra barreiras não só legais, mas também, e especialmente, comportamentais.
Não são muitos os gestores públicos que possuem qualificação sobre gestão, liderança e políticas públicas, sendo várias decisões tomadas com base em intuição. O problema é que a perspectiva cultural é baseada ainda em uma mentalidade ultrapassada e a busca pela eficiência pode cair no erro de ficar apenas no discurso.
Um Estado eficiente exige adaptação na forma de trabalho, qualificação e uso de ferramentas de gestão. A quarta revolução industrial (e até a quinta que já se fala) requer novas habilidades no setor público, tudo isso reforçado com a pandemia.
Questões comportamentais são problemas de difícil enfrentamento em qualquer área, especialmente porque envolve aspectos que vão muito além do aspecto cognitivo. É preciso trabalhar a inteligência emocional, por exemplo, que é uma área quase nula em muitos órgãos e entidades do Poder Público.
O próprio Brasil é um país com números alarmantes quando o assunto é a saúde mental, sendo o país com maior número de pessoas ansiosas (9,3% da população), perdendo apenas para o Japão, segundo estudo da OMS.
Os desafios no setor público são ainda maiores porque a percepção da sociedade sobre esse setor nem sempre é a melhor. A título de exemplo, o Índice de Percepção da Corrupção em 2019 apontou para mais uma queda do Brasil, com 35 pontos de um total de 100 pontos. De 180 países e territórios, o país caiu para 106º lugar, com a sua pior colocação na sequência histórica. Isso demonstra uma visão negativa que muitos possuem sobre a função pública.
Muitas visões sobre o serviço público ainda estão enraizadas com uma mentalidade de que a “forma” é mais importante do que o “resultado” e é exatamente essa mentalidade fixa que precisa ser modificada, o que não será obtido por meio da edição de uma lei ou norma.
Para essa adaptação, não basta editar leis, é preciso implementar, na prática, mecanismos de gestão, tais como: gestão por competências; implementação do teletrabalho como regra e não como exceção; estímulo à criatividade e inovação; fixação de metas e objetivos claros; mecanismos de feedback; comunicação interna e externa adequadas, entre outros.
É preciso, cada vez mais, que líderes da administração pública tenham conhecimento sobre liderança. Os gestores públicos precisam ter conhecimento de gestão em uma realidade totalmente nova. Não se muda a realidade por uma canetada, mas sim por meio de uma liderança inspiradora.
Claudiney Rocha
Mestre em Direito, Procurador do Estado e presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Goiás
Marcílio Ferreira Filho
Doutor em Direito, Procurador do Estado, Advogado e Professor
Fonte: Jornal O Popular
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