Por Claudiney Rocha, Procurador do Estado de Goiás e presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Goiás – Apeg

Novembro é mês da Consciência Negra. Mas não há comemoração e não há eufemismo sobre igualdade que mascare a realidade de um país onde a humanidade não é igualitária. O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, foi criado para marcar, no calendário anual, um momento para a reflexão e o debate, pois se refere ao dia da morte do líder de quilombo Zumbi dos Palmares, ocorrida em 20 de novembro de 1695, um símbolo da resistência negra na História do país.

Neste mês, é comum o resgate, nas redes sociais, do vídeo do ator Morgan Freeman que, durante uma entrevista, afirma que “para o racismo deixar de existir é só parar de falar nele”. Além da fala equivocada, muitos compartilham, divulgam o trecho do vídeo e reproduzem a fala se colocando numa suposta posição antirracista e mantendo um confortável distanciamento da realidade.

Pensar que “para acabar com o racismo basta não falar sobre ele” parte de um ponto de vista muito particular, desconsidera a História e ignora a realidade da maioria da população brasileira. Não podemos ignorar fatos passados e recentes que desonram a história da população negra. É preciso falar sobre racismo todos os dias, e mais que isso, é preciso entender o racismo real e estrutural que afeta profundamente a maior parte da população brasileira.

O debate precisa ser diário e com profunda consciência das diferenças reais e do papel de cada um na transformação dessa realidade. O Brasil é, hoje, o pior lugar do mundo para um jovem negro viver, e isso não pode ser normalizado. Como não pode ser esquecida, e nem normalizada, a morte de um homem negro por seguranças de um grande supermercado, pelo simples fato de ser negro.

Enquanto houver quem não se levante contra essa realidade ou quem se surpreenda com a existência de negros juízes, médicos, jornalistas, procuradores do Estado (meu lugar de fala), estará claro que ainda temos muito o que conversar, informar e debater sobre o racismo e sobre consciência negra.

Fonte: Jornal O Popular

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